Sobre trajetória

Texto escrito em 19 de março de 2018.

Consegui passar no exame em 25 de abril de 2018.

Tava pensando aqui sozinha, deitada na cama e olhando pro teto.
Vez por outra uma lágrima rola rosto abaixo.
De felicidade. Clichê, sim. Quem liga?!

Resolvi dividir o que to pensando, vai que ajuda alguém.
Tô tentando tirar habilitação de carro. Comecei o processo todo em novembro. Já foram dois exames de rua que não deram certo (será?).
Hoje acordei cedo pra fazer a penúltima aula prática antes do meu terceiro exame de rua (que vai ser na quarta feira).

A frustração por não passar é gigante (pra você foi/ é também?).
Já quis desistir um milhão de vezes. Mas já cheguei até aqui, vou continuar!
[sei e concordo com todas as opiniões a respeito de tirar carteira pra dirigir. Todas mesmo. Essa mesma que você tem aí. ]
Mas, me dei conta agora (depois de fazer uma aula muito boa) que o processo é tão gratificante quanto a conquista final.

Tô com um tempo sobrando pra gastar nesse processo? Tô sim.
Tô investindo uma grana nisso? Tô sim. E isso me preocupa, acredite. (Só tenho esse dinheiro pra gastar nisso, pq tem um anjo financiando o sonho. Obrigada, de novo, inclusive!).

Comecei a me lembrar de quando trocar de marcha era complicado. De quando tremi pra ligar o carro pela primeira vez. De quando não conseguia fazer uma ré continua minimamente decente. De quando eu não tinha certeza se devia pisar no freio ou na embreagem primeiro. De quando eu não impunha minha preferência (frente à motoristas babacas). De quando eu me cobrava muito por não fazer nenhuma dessas coisas direito.

A chance de eu não passar na prova na quarta é gigante, porque não depende só das minhas “habilidades”, tem muito mais envolvido no processo.

Mas, ei, não vou deixar pra ficar feliz só quando tiver um papel escrito “aprovado” na minha mão.
Me recuso a ficar feliz só quando chegar no destino.
Quero aproveitar a viajem. A paisagem. Decidi isso faz 10 minutos.
E pretendo levar pra vida.

Cês já pensaram que isso aí que você tá tentando e não tá conseguindo, pode ser o que vai fazer a diferença na sua resistência, na sua resiliência, na sua evolução como ser humano, na sua auto estima?

Pois é. Eu pensei nisso agora. E resolvi escrever textão.
A luta também precisa ser apreciada. As pequenas conquistas no caminho precisam ser consideradas.
Se não, caminhar (que você faz com segurança hoje, mas também foi um processo lento) nem vale tanto à pena.

Rolou outra lágrima agora.
Olha que doido: até a lágrima faz seu próprio percurso.
E o percurso que ela faz é a melhor coisa que ela “sabe” fazer.