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Mostrando postagens de abril 20, 2015

Carta de um portador de Alzheimer à sua esposa, Leninha

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“Leninha, meu amor,   Escrevo-te esta carta, mas a única viagem que ela fará, será da minha mão para a tua. Escrevo-te porque vais precisar de a ler muitas vezes, e eu também vou precisar que a leias. Não é à toa que me esqueço constantemente das coisas, não é à toa que de um momento para o outro a minha personalidade muda, não é à toa que por vezes o meu discurso não faz sentido. Mas que Deus me ajude a terminar esta carta, pelo menos esta carta, sem que a memória se vá embora e me deixe perdido a olhar para esta folha. Hoje sei que em breve não saberei quem sou, disseram-me os médicos. Tenho alzheimer. Deixarei de viver antes do dia da minha morte, a vida escolheu-me para ter este fim, mas antes disso, escolheu-me para ser o marido mais feliz do mundo, o pai mais feliz do mundo, e por isso não consigo ficar desiludido com ela. Aceito, só posso aceitar. Não fiques triste por mim, meu amor, pois eu não irei sofrer, não me irei lembrar sequer da dor. Os nossos filhos est...

Aqui jazz, blues e bossa nova

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Da série: Motivos pelos quais a Psicologia me conquista todos os dias. Momento: Segundo dia de preparação para intervenção com adolescentes/jovens no estágio de Terapia do Luto. Tarefa 1: Escrever o meu atestado de óbito. Tarefa 2: Escrever meu epitáfio. Nível de dificuldade: 0 Atestado de Óbito Aos 27 dias do mês de setembro do ano 2069, às 14:21h, falece nesta cidade de Gramado – Rio Grande do Sul, a Senhora Paula Cristina Meireles, aos 78 anos de idade. A Senhora Paula sofreu um infarto do miocárdio enquanto revia um antigo álbum de fotografias. Se encontrava, no momento, na presença de seu marido. A causa do infarto não foi conclusiva já que Senhora Paula não possuía vícios e praticava exercícios regulares. Epitáfio: “Aqui jaz alguém que quis e conseguiu fazer a diferença.” PS1: Possuo vícios e não pratico exercícios regulares. Mudar isto enquanto há tempo. PS2: Acredito que 78 anos é tempo suficiente para viver tudo o que se há para viver e não...