Mãe!
Toda vez que eu falo de amor, a primeira pessoa que vem na minha memória é minha mãe. Ela faz parte do meu currículo e, costumo dizer que ela é o melhor livro que já li na minha vida. (...) Eu não tenho dificuldades para andar, ela tem. Se eu quiser tê-la ao meu lado, andando comigo, terei que esquecer um pouco as minhas habilidades, tenho que diminuir o passo. Ah, meu Deus... ela tem a mania de repetir as historias que me conta, varias vezes, mas, eis que eu descubro uma mística naquela repetição: já que as palavras sei de cor, então, presto atenção nos gestos... fico olhando a maneira como ela desenha as mãos no ar, como ela inventa vozes de personagens; fico prestando atenção na tessitura de cada detalhe do seu jeito de contar historias. Fico tentando decorar os seus gestos, porque quero guardar dentro de mim o que dessa matéria humana, um dia, vai embora. (...) e aquela voz que, agora repete as historias é o primeiro vínculo que eu tive com o mundo. Então fico pensando...