Discurso de Formatura

Texto escrito em aproximadamente maio de 2016:

Começarei fazendo uma pergunta a vocês, colegas: vocês se lembram do dia ou, dos dias, em que desejaram conquistar o que estamos conquistando hoje? Peço que apenas pensem nessa pergunta, em silêncio.
Nesses cinco anos de convivência tivemos muitos momentos de felicidade, de agonia, de tristeza, de decepção, de frustração, de festas e confraternizações. Em poucos momentos destes a turma toda esteve presente dividindo tais sentimentos. Contudo, não quer dizer que todos nós não tenhamos passado por todos eles, apenas quer dizer que, a turma se dividiu e se re-organizou várias e várias vezes. Fomos melhores amigos de alguns e por causalidades inomináveis deixamos de ser; nos tornamos amigos de outros que nunca imaginamos que nos tornaríamos. Encontramos vários ombros amigos por esse caminho. Encontramos vários braços e olhares que nos abraçaram. Encontramos também sermões e puxões de orelha sempre que era necessário.
Seria ingenuidade da minha parte tentar colocar em algumas linhas tudo o que vivemos. Mas não me custa tentar fazer um “sumariando” de alguns momentos que nos marcaram.
Como a primeira vez que colocamos nosso jaleco branco para as aulas de anatomia; a primeira vez que tivemos contato com os ratinhos fofos no laboratório de Análise Experimental do Comportamento; as aulas de neurofisiologia, onde ninguém parecia entender muito o que estava sendo dito; as aulas da Cíntia, onde ninguém piscava para não correr o risco de perder nenhum detalhe...; as indescritíveis aulas de Psicopatologia ministradas pela Mara; as aulas da Kaísa de dinâmicas e jogos, onde voltávamos a ser crianças; as aulas da saudosa Marisa, onde nossas emoções tinham lugar e hora marcada para serem liberadas; as aulas do Gledson, onde nos perguntávamos constantemente “será que ele dorme, às vezes?”; as aulas da Rosely, onde aprendemos muito, mas muito mais do que teorias ou técnicas, aprendemos a ser humanos; e assim como não há palavras para descrever as experiências adquiridas em cada disciplina e estágio, também é inominável a sensação de vestir nosso jaleco lilás para realizar atendimentos na clínica e fora dela.
Pois se ao superman foi dado uma capa, a nós foi dado este jaleco; e com ele alguns “poderes” e um milhão de responsabilidades.
No decorrer dessa caminhada nos despedimos de colegas e professores maravilhosos; e ganhamos outros colegas e professores incríveis. Alguns professores nos acompanharam durante toda a jornada. E alguns ex-colegas também, mesmo que de longe.
Nossos professores foram verdadeiros mestres e doutores, não nomeados pelas suas especialidades, mas por parecerem sempre tão grandes e poderosos frente aos nossos olhos de criança que vacila ao caminhar.
 Professores esses que não mediram esforços para nos encorajar e ensinar a sermos, primeiramente, humanos, para só depois sermos profissionais.
Bem, nossa caminhada não teria sido percorrida com tamanha garra e empenho se não fosse por nossos anjos: mães, pais, tios, avós, irmãos, namorados e namoradas, esposos e esposas e filhos. Alguns desses anjos nos esperavam chegar em casa todas as noites; outros nos ligavam sempre; outros nos protegiam de algum lugar, lugar este que não sabemos onde e como é.
Outra coisa que nos acompanhou durante esta caminhada foi um sentimento chamado “medo”. Medo do desconhecido, medo do não saber; medo de lidar com o outro; medo de lidar e conhecer a nós mesmos.
E enfim, chegamos ao fim deste percurso e o medo nos acompanha ainda hoje. O medo nunca nos deixará, e isso é uma coisa boa. O medo tem o poder de nos paralisar ou nos impulsionar. Espero com todo o meu coração que o medo sempre nos faça ir mais longe e que sempre consigamos nos lembrar dos momentos em que desejamos conquistar o que já temos, e sermos gratos.
A todos os momentos que passamos juntos. A todas as lembranças gravadas em um lugar especial de nossas memórias, muito obrigada, colegas!
E em nome de vocês, agradeço imensamente a todos os nossos anjos, que se encontram aqui ou não, nesta noite inesquecível.  Agradeço também aos nossos professores, à direção e a esta instituição que proporcionou este momento onde podemos dizer que somos, verdadeiramente, PSICÓLOGOS!

Ps: No dia que soube que havia entrado para a graduação de Psicologia, 
disse a minha mãe que eu seria a oradora da turma!


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